Utentes de Vila Franca de Xira protestam contra encerramento de Urgência Pediátrica

Em dia de chuva, vento e frio, cerca de centena e meia de Utentes saíram à rua na manhã deste sábado (22/03/2025), em Defesa do SNS e dos direitos das mães e filhos a serem atendidos em situações urgentes no Hospital de Vila Franca de Xira. Desde o dia 15 deste mês que as urgências pediátricas deste hospital, que serve também Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Benavente só funcionam entre as 9h00 e as 20h00 e encerram ao fim-de semana.

A manifestação, partiu do Largo da Estação pelas 10h15 e seguiu pelas ruas centrais da cidade até ao Largo da Rua Cândido dos Reis em Vila Franca de Xira, onde as organizações de utentes se concentraram de novo emoldurando o largo com as suas faixas e cartazes.

Sofia Afonso, da Comissão de Utentes lembrou que a Urgência Pediátrica do Hospital de Vila Franca de Xira, que desde 15 de março está encerrada a partir das 20h00 e aos fins-de-semana, serve cerca de 50 mil crianças dos cinco concelhos, e que a alternativa obriga a deslocações de mais de 30 km para engrossar as urgências de outros hospitais, “quando o de Vila Franca de Xira tem todas as condições”, garantia Sofia Afonso.

Ramiro Bom da Comissão de Utentes e da Direção Nacional do MUSP, denunciou a tentativa de “mudança do paradigma do Serviço Nacional de Saúde, abandonando a Medicina Preventiva em favor da Medicina Curativa, abandonando a Promoção da Saúde e na Prevenção da Doença, e apostando na sua cura, degradando o SNS e investindo no Negócio da Doença. Esta situação é agravada com a decisão do governo de mandar encerrar “a urgência pediátrica, alargando o quadro de angústia às mães e o aumento de risco para os bebés”, recordando que se “aproxima-se um período de decisão eleitoral e estas realidades não podem ser ignoradas. Nós utentes temos a obrigação, em defesa do SNS, de penalizar não só os responsáveis por esta situação de degradação, como devemos condenar todos os projetos políticos que procuram acabar de vez com a lógica da Medicina Preventiva e apostem na privatização do SNS.

Nélia Ferreira historiou a evolução deste serviço no Hospital de Vila Franca de Xira, lembrando que no final de 2023 aquela organização de utentes foi recebida pela Unidade Local de Saúde (ULS) e que a administração garantiu que “apesar das intenções da tutela, o Hospital de Vila Franca de Xira não necessitava de fechar as urgências […], pois tinham uma equipa de pediatras suficiente para garantir o serviço aberto continuamente”.

Face ao panorama atual Nélia Ferreira questionou: “O que mudou agora?”. A dirigente do MUSP referiu que “durante a pandemia houve hospitais privados que fecharam as suas portas, enquanto outros não atendiam pessoas com Covid (…) e foi o SNS que serviu. Se não houvesse SNS que teria sido de nós?”, perguntou.

Nélia Ferreira recordou que aqueles que dizem que o hospital de Vila Franca de Xira, enquanto foi PPP, não havia muitas queixas, esquecem-se de dizer que não havia muitos serviços, porque a entidade que geria o hospital “não investia em novos equipamentos, e só estava interessada em maximizar o lucro: os doentes hemofílicos internados tinham de se deslocar a outro hospital, para fazer o tratamento; O hospital não tinha um aparelho de TAC em condições, e os utentes tinham de ir fazer os exames a outro serviço do mesmo grupo privado.” E concluiu: “Queremos médicos e enfermeiros de família nos nossos centros de saúde; urgência de obstetrícia abertas sempre, assim como as urgências de Pediatria”.

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