Uma mão vazia e outra cheia de nada, foi o balanço da reunião dos utentes dos Transportes Públicos da Margem Sul com o gabinete da Secretária de Estado da Mobilidade. O governo confessou não ter soluções para a mobilidade na Margem Sul, nem a curto, nem a médio prazo.
A reunião foi solicitada à secretária de Estado da Mobilidade pela Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul (CUTMS), com o propósito de apresentar ao governo as preocupações dos utentes com o serviço prestado pela Fertagus. A CUTMS denunciou as dificuldades que os utentes sentem para entrar nos comboios, devido ao excesso de lotação das carruagens desde os Foros da Amora (de manhã) e de Entrecampos (no período da tarde).
A CUTMS denunciou ainda os constantes atrasos e o clima de insegurança e de tensão que se vive nas viagens às horas de ponta, salientando também as preocupações com a falta de respostas da Transtejo (na ligação fluvial), dos autocarros e da retirada da faixa BUS no acesso Sul – Norte à Ponte 25 de Abril.
A CUTMS convidou os membros do governo a realizarem uma travessia para Lisboa pelos vários meios disponíveis (ferroviário, rodoviário e fluvial) em hora de ponta, manifestando a disponibilidade para os acompanhar, de modo a verificarem, in loco, as condições degradantes e indignas em que os utentes viajam.
Os membros do gabinete da Secretária de Estado informaram que o Governo não tem um prazo previsto para o desbloqueio do concurso público para aquisição de novos comboios (impugnado por uma das empresas concorrentes) e informaram também que a Fertagus realizou uma nova contagem de passageiros durante o mês de maio, mas disse também não saber qual o propósito desta contagem.
O Governo não prevê respostas concretas para a solução destes problemas, disse não haver mais material circulante e alega não ser possível colocar a CP a operar na linha, por esta empresa pública não ter capacidade de meios materiais e humanos.
Quando instado a apresentar soluções imediatas, a médio ou a longo prazo para os problemas no serviço da Fertagus, o governo disse não ter soluções.
Ficou claro que face ao crescimento demográfico da Área Metropolitana de Lisboa e face às necessidades de mobilidade da população o Governo confessou não identificar recursos para responder a esta situação caótica que se tende a agravar.
Sobre as alternativas para o movimento pendular Lisboa – Margem Sul, os membros do gabinete da Secretária de Estado referem que a faixa BUS entre o Centro Sul e as portagens foi suspensa devido às obras de alargamento do IC20, não se comprometendo com a sua reposição ou a criação de novas faixas nos acessos à Ponte 25 de Abril.
Sobre o transporte fluvial informaram da receção do sétimo navio movido a eletricidade, afirmando que a questão do carregamento dos navios no Seixal se encontra resolvida, enquanto a possibilidade de carregamento em Cacilhas está a ser estudada com a Câmara Municipal de Almada, nomeadamente a hipótese de alteração do cais de embarque, pois o atual não permite a eletrificação.
Não está a ser perspectivada a criação de novas ligações fluviais no Seixal e em Almada, a não ser que a procura assim o determine. Sobre esta matéria a CUTMS lembrou que barcos de 20 em 20 minutos são claramente insuficientes e que a não redução do tempo entre transportes só empurra os utentes para o uso do veículo próprio ou, em alternativa, o recurso à ferrovia que já circula sobrelotada.
Questionados sobre a possibilidade de criação de outras linhas fluviais que liguem a margem Sul a outros pontos de Lisboa, a resposta foi afirmativa, remetendo para um Plano no âmbito da sociedade “Parque Cidades do Tejo, S.A.”.
Os membros do gabinete da Secretária de Estado da Mobilidade disseram que está em estudo a extensão do Metro Sul do Tejo naquele que era o seu traçado da segunda e terceira fase (Seixal, Barreiro, Alcochete e Montijo), com a ligação ao novo aeroporto. Acrescendo agora a ligação a Lisboa através do novo túnel, não estando ainda definido se será o Metropolitano de Lisboa que virá até à Trafaria ou o Metro Sul do Tejo até Algés. A CUTMS considera que se deve priorizar o reforço da oferta e a articulação entre os meios de transporte existentes (ferroviário, rodoviário e fluvial) e a construção da terceira travessia (Barreiro – Chelas) em vez de avançar para uma obra como o túnel que será de demorada execução e muito dispendiosa.
